O momento atual acena profusas incertezas, constituindo prováveis transformações a serem consagradas num tempo futuro. Como uma travessia às cegas, o percurso dessa rota se esboça de modo instável e impalpável. Na esperança de súbitos faróis, que podem derivar da experiência de novos arranjos coletivos, políticos, sociais e ambientais, e da arte, que engendra conexões imaginárias e simbólicas – afeita a cruzar tempestades – aqui estamos, em barcos desiguais, como testemunhos e protagonistas desse fragmento da história humana.
Nesse contexto, insere-se o projeto multilinguagem “A Extinção É Para Sempre”, com idealização e direção de Nuno Ramos – artista plástico, compositor, diretor e escritor. Na busca por plurais e urgentes reflexões acerca do cenário contemporâneo foram agregados artistas de diferentes origens e linguagens, constituindo-se formatos híbridos, que compõem um conjunto de sete trabalhos. A instalação CHAMA, um monumento virtual de luto, permanecerá ativa por um ano, e os demais episódios devem acontecer respeitando o caráter imprevisível da situação pandêmica. Em meio a imprecisão e complexidade do presente, realizar tal ação sociocultural e educativa, valorizando as relações interinstitucionais, é matizar possibilidades para uma travessia coletiva mais acolhedora, solidária e crítica, abastecida pelas múltiplas camadas que envolvem as imensuráveis descobertas que a arte proporciona.
Danilo Santos de Miranda – Diretor do Sesc São Paulo